028. Memória, História e autoritarismo: estudos sobre a direita e seus extremismos |
Coordenadores: ALFREDO OSCAR SALUN (Doutor(a) - Uninove), CARLOS GUSTAVO NOBREGA DE JESUS (Doutor(a) - Fundação Pró-Memória de Indaiatuba) |
A importância da memória no estudo de tais propostas, movimentos e governos ganha relevância ainda maior no momento atual, marcado pela revisão de acontecimentos e fatos históricos, ligados aos governos de exceção, como o Fascismo e Nazismo na Europa e o Regime Militar no Brasil (1964-1985).
O fascismo é uma corrente ideológica que vai se consolidar politicamente logo após a I Guerra Mundial, até tornar-se o centro das atenções da política internacional nos anos 30, sobretudo com a ascensão do nacional-socialismo alemão. O Brasil não ficou imune a essas influências, surgindo entre nós o movimento integralista e o Estado Novo.
Com a derrota do nazismo e do fascismo na II Guerra Mundial, as correntes políticas neles inspiradas perderam praticamente todo o seu prestígio, embora não por muito tempo. Logo após a guerra, há a reestruturação do fascismo na Itália com a criação do Movimento Social Italiano (MSI) e o Partido de Representação Popular no Brasil, (PRP), que reuniu em suas hostes os e integralistas. Além disso, pode-se mencionar a sobrevivência de regimes como o salazarismo em Portugal e o franquismo na Espanha.
O estudo sobre a direita também se aprofundou com a análise histórica do regime militar brasileiro (1964-1985), suscitadas pela Comissão da Verdade e o acesso à documentação de um período político bastante controverso.
Situações semelhantes em várias partes do mundo possibilitaram reinterpretações e novas disputas pela memória. Nesse sentido, é importante salientar a pertinência ética de tal problemática, tanto no meio historiográfico, como no ensino de história, principalmente quando releituras a respeito da direita estão contribuindo para a proliferação de movimentos nacionalistas, neonazistas e neo-integralistas da contemporaneidade, tanto de gangues como os skinheads, que, partir dos anos 1970, adotaram como visão de mundo, baseada no fascismo e no nazismo, como de grupos conservadores nostálgicos do Regime Militar brasileiro que, ainda hoje, insistem em reavivar um discurso reacionário marcado pela intolerância e o autoritarismo.
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