quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Escravidão no Brasil - Congresso ENAPEHC 3 - Mariana/ MG



Relatório de viagem referente ao Congresso Encontro Nacional de Pós-Graduandos em História das Ciências (ENAPEHC III) entre os dias 16 e 18 de outubro em Mariana/MG.

Referente à pesquisa apresentada pela aluna CAMILA DE OLIVEIRA BRITO, orientada pela Prof. Dra. ANA MARIA DIETRICH, titulado “Ciência Nazista”: Discussões éticas e conceituais em contraste à política eugênica, através do projeto de pesquisa PDPD, foi realizado uma pesquisa através do recolhimento de material não só durante as visitas ao UFOP, Campus em Mariana – onde reside o Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) e o Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), como também durante a visita a museus históricos na cidade de Ouro Preto.
Apesar de a universidade revelasse não apresentar nenhum projeto extensionista com temas relacionados à pesquisa, A Casa dos Contos foi o museu que mais se assimilou com os estudos devido a sua construção no século XVIII - período marcado pela escravidão no Brasil e sua abolição em 1888 – caminhando para o surgimento do racismo científico em solo nacional a partir da difusão do cientificismo europeu.
        Embora as novas teorias evolucionistas agradassem alguns brasileiros, estas apenas “provavam” a degeneração da raça miscigenada. Revela-se neste ponto um paradoxo, visto que grande parte da sociedade brasileira nasce a partir da hibridização de raízes estrangeiras.
            Assim, Arthur de Gobineau, como um importante filósofo doutrinário das teorias raciais que, posteriormente, influenciariam e se fundiriam à política eugênica durante o III Reich alemão, motivou suas ideias ante a sociedade brasileira no que concerne a radicalização do preconceito racial.
            Os negros por muito tempo foram (e ainda são) discriminados em detrimento de sua história. Observa-se uma “nova escravidão” a partir da abolição de cunho social, podendo ser empreendida (como o nazista, através da utilização de uma pseudociência com propostas de reformulações políticas, econômicas, estéticas e sociais) também de cunho biológico, do ponto de vista “científico”, uma vez que submeteriam tal raça à inferioridade e subimissão de uma elite branca.
            Enquanto na Alemanha a política eugênica ascendia a partir da atuação e legitimação do Estado, no Brasil, o racismo centrava-se em escala social nacional, de modo a difundir-se entre as classes quase que espontaneamente; a elite branca construiu relações hierárquicas não somente na política como nas questões voltadas à estética. É notória essa caracterização de nossa sociedade ainda nos dias atuais, que preservam a ideia de imagem corporal perfeita nos mesmo atributos que os alemães nazistas difundiam durante os anos 30 em seu país. Esse fenômeno revela não somente a influência atual de uma raça no topo da hierarquização, como a também nos mostra a similaridade entre duas nações tão distintas, mas se que portaram como correspondentes a partir dos conhecimentos e ideologias difundidos durante o século XIX.

Cláudio Manuel da Costa foi preso e encontrado enforcado em uma de suas celas. É uma das poucas casas ouro-pretanas em que ainda existe uma senzala. Pertence atualmente ao Ministério da Fazenda e guarda acervo que inclui mobiliário (séculos XVIII e XIX), documentos, cartas, rica biblioteca e curiosa coleção de moedas”¹

            A Casa dos Contos foi inicialmente construída para empregar o morador João Rodrigues de Macedo, responsável pela administração dos impostos em meados de 1780 na capitania de Minas. Um dos cômodos da casa foi utilizado como prisão para alguns dos inconfidentes. Durante a visita, o único espaço que não foi permitido o registro através de câmeras fotográficas foi a justamente a senzala, parte crucial para a pesquisa. O espaço era localizado na parte mais baixa da casa, assemelhado a um porão de grande porte; embora possuísse algumas janelas, o ambiente era escuro e rústico, devido à umidade do ambiente e as pedras que compunham o chão tornavam-se escorregadias. O museu expôs variados artefatos utilizados no período, desde vestimentas e utensílios domésticos – grandes panelas de barro e balanças – até os instrumentos para a tortura dos prisioneiros.
            Assim como as atrocidades nazistas, às vezes não é dado o devido reconhecimento às histórias locais devido a sua amplitude. Entretanto, o abandono da ética em questão é se não mais claro que a história alemã pelo fato de nem mesmo tentarem acobertar a crueldade cometida. É interessante ressaltar que o racismo no Brasil é anterior à ciência nazista, embora a obviedade do assunto, o que é pertinente é exatamente a interferência do racismo científico despertado no século XIX para além do continente europeu e infiltrando-se em capitanias específicas no Brasil.
           
            Apesar de não haver pesquisas ou grupos de discussões relacionadas à pseudociência nazista, ou mesmo pautadas no estudo geral do genocídio, a Universidade de Ouro Preto possui um projeto de extensão intitulado “Centro de Difusão do Comunismo”, tendo como orientador o Prof. André Luiz Monteiro Mayer. O objetivo e a atividades do projeto, embora pudesse sugerir o debate entre as teorias de Karl Marx e Adolf Hitler, para o entendimento de cada sociedade são, segundo o CDC-UFOP são as seguintes:   

“Objetivo: “Lutar por uma sociedade para além do capital!”
Atividades:
1. Liga dos Comunistas - Núcleo de Estudos Marxistas (CNPQ) (projeto)
2. Mineração e exploração dos trabalhadores na região da UFOP. Em parceria com o Sindicato Metabase Inconfidentes (curso)
3. Equipe Rosa Luxemburgo. Grupo de debate e militância anticapitalista. Responsável pela coordenação do CDC (projeto)
4. Relações sociais na ordem do capital. As categorias centrais da teoria social de Marx”
             
            Ainda que sobre focos diferentes, há de se diferenciar as ideias de modo simplório entre os juízos de cada corrente, pois apesar de levar a outro campo da pesquisa, este se encontra ligeiramente relacionado com o tema inicial, o nazismo.
            O embate entre ambas estão centrado na posição que se encontravam as classes sociais. Marx argumenta a mudança de uma estrutura essencialmente capitalista através de um processo histórico por meio das lutas de classes, sempre posicionando o proletariado como fundamental para a movimentação das massas e, por fim, a vitória do comunismo. Em contrapartida, Hitler determinaria uma dissolução sobre as diversas camadas sociais, de modo a criar uma população harmoniosa e perfeita, desse modo, a reconstrução de uma nação tendo suas bases fortificadas levaria à ascensão e a sobreposição sobre as demais nações.

Segue abaixo os registros fotográficos:









Bibliografia
JÚNIOR, J. F.. Aspectos semânticos da discriminação racial no Brasil: Para além da teoria da modernidade. RBCS. vol. 21 nº. 61 junho/2006.

(s.d.). Acesso em Outubro de 2013, disponível em Universidade Federal de Ouro Preto: <http://www.ufop.br/>

Revista Idas Brasil Ltda. (s.d.). Museus em Ouro Preto. Acesso em Outubro de 2013, disponível em Ouro Preto: <http://www.ouropreto.org.br/port/museus.asp>

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO. (s.d.). Acesso em Ourtubro de 2013, disponível em Centro de Difusão do Comunismo (CDC-UFOP): <http://www.cdc.ufop.br/>

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